Qual a semelhança entre o goleiro do Corinthians Cássio, o cantor e compositor Caetano Veloso e a jogadora de vôlei medalhista de ouro em Londres, Thaísa Menezes? Além de serem famosos e terem conquistado seu lugar na história do Brasil por meio de seus talentos, todos também já foram diagnosticados com bursite, entrando para o rol dos pacientes ortopédicos.
Bursite deriva de bursa, que em latim significa bolsa, e do sufixo ite, que designa inflamação, significando “inflamação da bolsa”. As bursas são cápsulas protetoras preenchidas por um líquido viscoso, situadas entre ossos, músculos ou tendões. Sua função é amenizar o atrito entre estas estruturas a cada vez que se realiza um movimento. Quando se inflamam, as bursas podem causar dor intensa.
E o que causa essa inflamação? Tão diversas quanto às atividades desempenhadas por estas três personalidades do nosso país podem ser as causas da bursite. Isso porque, na verdade, a bursite pode ser definida como um sintoma que se manifesta em decorrência de diferentes situações e doenças. Um dos fatores mais comumente tidos como desencadeante da bursite é a síndrome do impacto, uma doença que afeta a população adulta e é causada pelo desgaste do manguito rotador, um conjunto de três tendões existentes na articulação do ombro. Também podem levar à inflamação das bursas os traumas diretos, lesões por esforços repetitivos, falta de aquecimento e alongamento durante a atividade física, a ocorrência de infecções, doenças reumáticas, distúrbios metabólicos como a gota e desequilíbrios musculares.
Em atletas praticantes de corrida, tênis e futebol, as lesões acometem com maior frequência os membros inferiores, que é o caso da bursite localizada no quadril, chamada bursite trocantérica. Professores, tenistas, jogadores de vôlei e maestros, que demandam excessivamente dos membros superiores em suas atividades, têm maior propensão de desenvolver a inflamação na região dos braços e ombros.
É a partir do exame clínico que o médico faz o diagnóstico da bursite. Os sintomas são relacionados à localização da bolsa inflamada e geralmente aparecem de forma repentina. A região acometida pode ficar sensível também ao toque, inchada e com tom avermelhado característico.
A inflamação das bursas habitualmente é tratada com repouso, uso de anti-inflamatórios e a aplicação de compressas geladas no local da dor. A injeção de anestésico local e corticosteroides podem também ser aconselhados. Quando as bolsas estão infectadas é preciso drená-las e administrar antibióticos específicos. Passado o período de dor intensa, exercícios específicos e acompanhamento fisioterápico costumam ser coadjuvantes no tratamento. Quando a bursite se torna crônica, procedimentos cirúrgicos (bursectomia) podem ser indicados.
Importante ressaltar que a bursite é, com frequência, recidivante. Se não for corrigida sua causa subjacente, como a gota, a artrite reumatoide ou o uso excessivo da articulação, ela volta a se instalar. Daí a importância em realizar um diagnóstico preciso com um especialista e tratar corretamente a bursite. Ou alguém quer abrir mão de seus talentos, para entrar para o rol dos recidivantes?