A raiva é considerada uma emoção primária, acionada quando o sujeito precisa de uma dose extra de energia para superar obstáculos ou ameaças à sua vida ou condição de vida. Sua manifestação se dá de forma instintiva, podendo envolver respostas violentas de ataque ou defesa. Sentir raiva é algo normal, entretanto, a forma como lidamos com essa emoção pode ser a diferença entre ter uma vida equilibrada ou não.
Há pessoas que reprimem a raiva, “engolem sapos”, por medo, submissão, condicionamentos de vida, etc, e acabam sofrendo as consequências disso. Tornam-se amarguradas, ranzinzas, deprimidas, presas a situações aversivas sobre as quais sentem que tem pouco ou nenhum controle.
E há também pessoas que não controlam a raiva, perdem o controle por qualquer coisa, são como bombas-relógio prestes a explodir. Lidar com pessoas assim é um desafio, é como estar constantemente pisando sobre ovos para evitar um ataque de ira e preservar a própria integridade física e moral.
Ser raivoso, nervoso, irado, descontrolado diante da raiva é perigoso para os que têm o azar de estar perto no momento em que ela surge e também para o próprio sujeito, que por meio de suas ações impulsivas e desequilibradas pode cometer atos destrutivos que comprometem seus relacionamentos, carreira, bens (carro, objetos…) e até a própria vida, em casos extremos.
Encontrar um equilíbrio, onde a raiva pode ser usada produtivamente, como um gatilho que aponta para a necessidade de se defender prontamente, ou focar em alguma mudança de rumo para se esquivar de algo que lhe seja aversivo, é o grande desafio.
Por meio de estudos, psicólogos da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, definiram dez formas de gerir o sentimento da raiva de forma positiva.
- Pense antes de falar
No calor do momento, é fácil dizer algo impulsivamente do qual vai se arrepender depois. Antes de dizer qualquer coisa, tente parar por alguns instantes e identificar seus pensamentos. Essa pequena pausa permitir que não só você, mas os outros envolvidos na situação façam o mesmo e possam contornar a situação antes que você extrapole os limites.
- Espere se acalmar para expressar sua raiva
Assim que se perceber racional, pensando claramente, expresse sua frustração de forma assertiva, mas não confrontadora. Indique suas preocupações e necessidades de forma clara e direta, sem ferir os outros ou tentar controlá-los.
3. Mantenha-se fisicamente ativo
Atividade física funciona como um regulador natural do estresse e atua como um preventivo para evitar o acúmulo de energia na hora em que algum gatilho para a raiva for acionado. Procure direcionar seus sentimentos para uma caminhada, corrida, se jogue numa piscina ou numa pelada com os amigos, quando perceber que a raiva está aparecendo, e ela tenderá a diminuir ou mesmo desaparecer.
- Faça pequenas pausas
Dê-se pausas curtas durante as horas do dia que tendem a ser estressantes. Alguns momentos em silêncio podem ajudá-lo a se sentir mais bem preparado para lidar com o que está à frente sem ficar irritado ou irritado.
- Identifique possíveis soluções
Em vez de focar no que o deixou louco, trabalhe em resolver o problema em mãos. O som alto do seu filho adolescente te enlouquece? Feche a porta para não escutar. Sua namorada sempre enrola para se arrumar e vocês se atrasam para os compromissos? Combine de ir aos eventos mais cedo, ou de ela te encontrar diretamente no local. Aja para evitar que a raiva apareça, drible-a, dome-a. Lembre-se que explodir de ódio não vai consertar nada e só pode piorar.
- Fale em primeira pessoa
Para evitar criticar ou colocar a culpa — que só aumentam a tensão — Coloque-se no lugar do sujeito, fale em primeira pessoa e de modo respeitoso e específico. Por exemplo: “estou chateado que você desligou o celular o dia todo e não me ligou”, em vez de: “você nunca se importa comigo e faz de tudo pra me irritar!”
- Não segure rancor
O perdão é uma ferramenta poderosa. Se você permitir que a raiva e outros sentimentos negativos abafem sentimentos positivos, poderá acabar engolido por sua própria amargura ou senso de injustiça. Mas se se dispuser a perdoar alguém que o irritou, você pode aprender com a situação e fortalecer seu relacionamento.
- Use o humor para liberar a tensão
Quando direcionamos nossa consciência para outra atividade, sentimo-nos no controle, e isso é uma estratégia eficaz para dominar a raiva. Então, procure se distanciar do evento que lhe provoca raiva por alguns segundos e use o humor para ajudá-lo a enfrentar o que está te deixando irritado. Com essa pequena “manobra”, todas as expectativas irreais que você tiver podem sucumbir. Humor é saber rir de si mesmo, é enxergar o lado cômico do trágico, é rir para não chorar! Evite o sarcasmo, que é o lado negro do humor e numa situação de conflito tende a ferir sentimentos e piorar ainda mais as coisas.
- Pratique habilidades de relaxamento, meditação…
Quando sentir que seu humor está azedando e te levando para um piripaque, respire fundo. É um clichê, mas é eficaz. Pratique exercícios de respiração profunda, imagine uma cena relaxante, ou repita uma palavra ou frase calmante, como: “pegue leve, releve.” Você pode optar por colocar um fone de ouvido e escutar aquela música que adora, escrever em um diário, ou sair para tomar um suco no jardim. Interrompa o ciclo da raiva com algo que te acalme e dê prazer!
- Perceba se precisa de ajuda profissional
Aprender a controlar a raiva é um desafio para todos, às vezes. Há pessoas com limiar mais baixo para a raiva, são os “pavios curtos”, que por muito pouco perdem as estribeiras e chutam o balde. No trânsito, no trabalho, na casa da sogra, ou entre quatro paredes, não importa, eles xingam, batem, quebram as coisas, deixam rastros físicos e morais em seus ataques de ira. São pessoas que acabam comprometendo seriamente seus relacionamentos, empregos e o próprio futuro, por conta de episódios de raiva descontrolada.
Quando chegam nesse nível de agressividade e descontrole, estas pessoas necessitam de ajuda profissional. Terapeutas, psicólogos, psiquiatras, grupos de ajuda para manejo da raiva, são várias as opções de profissionais que podem trabalhar a questão da raiva antes que ela se torne um problema não mais de qualidade de vida, mas de polícia. Por isso, se perceber que sua raiva está se tornando um grave problema e comprometendo sua vida, invista em melhorar sua saúde mental, em recuperar o controle sobre suas emoções, ou acabará tendo que investir em advogados para te livrarem das enrascadas em que vier a se meter…