Por Valeria Sabater
Em um estudo interessante sobre inteligência afetiva, foi demonstrado que o que os bebês mais sentem durante o dia é a dor psicológica. Muito mais que dor física. É, sem dúvida, um detalhe que vale a pena levar em conta: o sofrimento emocional das crianças tem a ver com fatores como fome, medo ou sensação de insegurança.
São fatores instintivos que implicam um desconforto autêntico, e isso é algo que cada criança demonstrará de um modo particular e diferente dos outros.
Haverá bebês mais exigentes do que outros e, por essa razão, como mães e pais, temos que entender a realidade específica de cada criança, sabendo que aquele que atende às necessidades, não estraga. Que oferecer segurança e conforto é educar.
Nós convidamos você a se aprofundar neste tópico que, por vezes, suscita alguma controvérsia.
Consolar, a arte de entender necessidades
Se um amigo nosso chora, não o deixamos fazê-lo até ele se esgotar. Se nosso parceiro, nossa irmã ou nosso pai chorar, não os deixamos em um quarto até que eles melhorem. Por que devemos também fazer isso com nossos filhos?
Consolar é a arte excepcional de saber como intuir as necessidades e saber como implantar estratégias de cuidado adequadas para curar essas dores psíquicas ou emocionais. Por essa razão, às vezes não basta dizer “acalme-se, nada acontece”, para uma criança pequena o que confere maior poder de consolo é o contato físico e aquele tom de voz capaz de falar com calma e proximidade.
São pequenas coisas que geram impressões autênticas no cérebro de um bebê que está amadurecendo e onde qualquer estímulo, assim como qualquer falta, determinará seu desenvolvimento posterior. Vamos ver aspectos mais interessantes.
A sabedoria do “simpatizante”
Os termos são importantes em nossa linguagem, mas às vezes as expressões mais populares tendem a sempre ver comportamentos patológicos onde há apenas processos naturais. É muito possível, por exemplo, que você também tenha se visto na situação de ter que suportar os comentários de seus amigos ou parentes quando você segura seus filhos em seus braços para aliviar seu choro ou sua raiva.
“Você está estragando”, dizem. Permanecemos em silêncio, sabendo que não é esse o caso, porque entendemos que um reforço positivo no momento certo evita birras, reduz o estresse e faz com que nossos filhos se sintam mais seguros para explorar seu entorno no seu próprio ritmo.
A sabedoria do benquerente sabe que as consequências do choro prolongado e desassistido trazem efeitos indesejáveis.
Do ponto de vista neurológico, o que causa é que há estresse, e um alto nível de cortisol altera a química dos neurotransmissores, o medo se intensifica e uma necessidade maior de atenção.
A sabedoria do bom crente sabe que confortar, abraçar e “estar presente” melhora o vínculo com nossos filhos.
Nossos filhos precisarão deste apego seguro durante os primeiros três anos. É um estágio em que suas necessidades vitais tendem a ser simples, mas essenciais: segurança, afeição, reconhecimento e estímulo enriquecedor para favorecer a conectividade neuronal.
Promova o desenvolvimento emocional para ajudar a crescer
A educação emocional não começa quando a criança já é competente na comunicação, quando já colocamos regras, para estabelecer limites e negociá-las. Um bebê de oito meses que puxa nossos cabelos quando fica bravo é uma pessoa que procura canalizar sua raiva e frustração.
A educação emocional começa a partir do primeiro dia em que deixamos nosso bebê no berço depois de chegar do hospital. Depois de dar à luz Não podemos esquecer que a primeira ancoragem emocional se origina no nascimento, com aquele primeiro contato pele a pele entre o bebê e sua mãe.
A amamentação é um pilar maravilhoso para continuar construindo esse vínculo que transmite segurança, tranquilidade e bem-estar.
Mais tarde, a arte de consolar respeitosamente permitirá que você continue crescendo em segurança.
Abordar as reações negativas também não é estragar.
A criança de dois anos que joga um brinquedo no chão com raiva ou que coça o irmão ou a mãe, esconde uma emoção que o ultrapassa e que devemos saber canalizar, entender e administrar.
A tarefa de entender emoções e trabalhar elas é algo que requer paciência e intuição, algo que nunca devemos ignorar “só porque são pequenas”.
As pequenas coisas de hoje podem ser transformadas em grandes abismos amanhã, por isso, é necessário que prestemos atenção, que as alimentemos com emoções positivas, pondo em prática a arte do bem-estar.