Até mesmo a pessoa mais fria e desencantada já sonhou com um amor à primeira vista ao menos uma vez na vida, aquela coisa de novela. Quem nunca fantasiou um belo dia andar pela rua, olhar para uma completa desconhecida e sentir como se o mundo tivesse parado por alguns segundos?
Só você e aquela pessoa, se apaixonando mutualmente sem dizer uma palavra. Nós fantasiamos com a ideia de amor à primeira vista porque acreditamos na ideia de almas gêmeas e queremos crer que é possível encontrar a nossa algum dia, e aí finalmente seremos felizes.
Mas será que há alguma evidência científica de que o amor à primeira vista existe de fato? Aparentemente, existe. Só não acontece da maneira que imaginamos. Neste artigo, vamos explorar alguns mecanismos que envolvem se apaixonar à primeira vista: os hormônios, a atração e os sentimentos.
Na revista americana de psicologia Psychology Today, o Dr. Aron Ben-Zeév explica que o amor à primeira vista é intenso. Quanto você vê aquela pessoa pela primeira vez, a primeira coisa que sente é atração sexual. Você ficou encantado com a beleza da pessoa e faria de tudo para estar com ela. Mas também é possível sentir todos os sentimentos amorosos que você teria por um parceiro já conhecido: afeto, carinho, desejo, uma ligação profunda e a vontade de estar com a pessoa.
Como nosso cérebro é muito espertinho, ele rapidamente libera hormônios na corrente sanguínea, como a dopamina, ocitocina e adrenalina. Isso nos faz ficar felizes e animados, e aí o sentimento de aquela pessoa é A pessoa certa para você, que tudo vai dar certo e que vocês viverão felizes para sempre.
Essa reação, na verdade, é muito semelhante ao vício em drogas. É como se você tivesse ficado viciado na pessoa em um curto período de tempo e agora tudo o que você quer é estar com ela e pensar nela.
Além disso, aquela pessoa é tão atraente e parece ser tão interessante, que a nossa tendência é esquecer que não a conhecemos realmente, e então nós criamos traços de personalidade para ela, baseados em coisas que gostaríamos que nosso parceiro fosse. Então, na nossa imaginação, ela é engraçada, inteligente, gentil, aventureira e muito boa de cama – o que faz com que fiquemos cada vez mais apaixonados.
E você está pensando que tudo isso demora muito? Não! Essas reações acontecem em minutos, muitas vezes até segundos. É como se nosso cérebro fosse programado para que nos apaixonemos toda hora, mesmo se um relacionamento de verdade com aquela pessoa não for uma boa ideia fora do papel. Na verdade, nosso cérebro até é programado assim mesmo: somos projetados para querer fazer sexo e reproduzir, pois a continuidade da espécie humana depende disso.
Sendo assim, não é um absurdo o fato de nos sentirmos atraídos por pessoas jovens, fortes e belas: nosso corpo sabe que eles são os melhores candidatos para dar continuidade à espécie. Em outras palavras, se você se sente atraído por alguém, seu corpo sabe que seus genes juntos produziriam bebês saudáveis e bonitos.
Recapitulando, o amor a primeira vista existe e pode acontecer quando você menos esperar. Essa é a boa notícia. A má notícia é que não há como garantir que essa forma de amor intensa se transforme em um amor mais estável e profundo que sustente uma relação duradoura. Em outras palavras, você pode se apaixonar por alguém no metrô, mas o que aconteceria se você de fato falasse com ela? E se vocês não tiverem nada em comum? E se ela for mal humorada? Pois é, uma interação na vida real pode acabar com o encanto na hora.
Texto: Zoralis Péres para Cultura Colectiva
Traduzido e adaptado por Homem na Prática
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