Era um dia da semana, em Lençóis Paulista, uma pequena, mas bem mesmo, cidade do Centro Oeste do estado. Ali perto de Jaú, que eu já conhecia, e Bauru, que viraria uma das minhas cidades décadas depois.

O jogo tava confuso, tinha começado em um clube, mas choveu; a quadra era descoberta e o duelo teve que ser transferido.

Não lembro quanto tempo levou, mas ainda no mesmo dia, pouco tempo depois, o jogo teve reinício em uma quadra coberta que me parecia ser a principal da cidade.

Os adversários eram os favoritos, tinham ganhando no ano anterior, a gente sequer tinha jogado a fase eliminatória.

E já não estava tudo normal, o jogo estava empatado em 3×3 e eu tinha feito um dos gols, algo muito raro na minha não muito longa carreira de jogador voluntarioso de futsal.

Faltavam poucos segundos quando o goleiro deles foi lançar a bola para o cara que eu tava marcando.

Entrou aí minha maior qualidade: eu sempre prestei muita atenção no jogo e várias vezes eu conseguia saber antes qual a decisão que o adversário (quando ele não era muito melhor que eu) tomaria.

Era meu dia.

Quando ele lançou eu já estava à frente do adversário, dominei sozinho, de forma em que em meu segundo toque na bola fui chutar ao gol, de frente. 4×3.

Olho pro Placar Eletrônico faltavam poucos segundos.
Ali com 17 anos entendo pela primeira vez que a relação tempo e espaço muda de acordo com outros fatores.

Naqueles 4 segundos o tempo para, minha imaginação encheu o estádio de gente gritando gol, fui o jogador mais importante do mundo para meus companheiros em fragmento de tempo de que tão intenso durou horas.

O tempo é tão relativo que sinto e lembro desses segundos muito mais que alguns anos da minha vida.

 






Jornalista esportivo. Relações Públicas no setor de esportes, agenciamento de jogadores de futebol.