QUER COMPREENDER UM ADULTO? INVESTIGUE A INFÂNCIA DELE
A Psicologia, em suas mais variadas abordagens teóricas, confirma o poder da influência dos acontecimentos na infância ao longo da vida do indivíduo.
Assim, fica claro que o que aconteceu na nossa infância acompanha-nos pela vida inteira. Entretanto, cada pessoa terá a sua própria forma de elaborar as suas vivências, assim, uma mesma experiência dolorosa poderá resultar em diferentes consequências emocionais na vida daqueles que a sofreram.
Algumas pessoas terão mais facilidade de superar, enquanto outras ficarão emocionalmente presas àquele episódio. Se nem todo adulto possui imunidade emocional capaz de “blindá-lo” contra possíveis danos emocionais, o que esperar de uma criança?
Diante dessa vulnerabilidade, as crianças são alvos fáceis das influências das pessoas que interagem com elas. É na infância que construímos o alicerce para o nosso “eu” adulto, então, as vivências nessa fase poderão definir o modo como iremos nos portar ao longo da vida.
Mediante essa constatação, fica claro sobre o porquê de termos determinados medos, fobias, coragem, persistência etc.
Uma criança que sempre recebeu críticas severas quando errava, mesmo durante uma brincadeira, quando adulto terá o conceito de que errar é algo inadmissível, o que poderá configurar em um limitador do seu potencial criativo.
Possivelmente, será um adulto com dificuldade em tomar iniciativa, pois estará condicionado ao medo de errar, sentir-se fracassado, e, consequentemente, punido.
Diferente de uma criança que conviveu com adultos que a apoiaram nas suas limitações, levando-a a compreender que o erro é aceitável e que faz parte do desenvolvimento e do aprendizado dela.
Existem pessoas com potenciais de águia vivendo como galinhas, e, provavelmente, a raiz desse modo de viver está lá nos primeiros anos de vida.
Muitas pessoas queixam-se da pobreza material que viveram na infância, atribuindo a ela quase a totalidade das suas dificuldades, o que muitos ignoram é o fato de que é plenamente possível uma criança tornar-se um adulto livre de sequelas emocionais mesmo tendo nascido num contexto pobre do ponto de vista material.
Ocorre que há uma interpretação equivocada sobre o conceito de criança feliz.
Nossa sociedade capitalista e extremamente consumista nos leva a acreditar que uma criança, para ser feliz, precisa ter coisas, brinquedos caros, eletrônicos de última geração, tênis caríssimos etc.
Falta o real entendimento do que é fundamental na infância. As crianças precisam de afeto, de contato físico, de brincadeiras que estimulem a criatividade e a interatividade. Elas precisam de pais apaixonados por elas, não de um tablet que acabou de lançar.
De nada adiantará enchermos os quartos dos nossos pequenos de brinquedos importados, se não temos tempo, capacidade ou interesse em sentar em sua cama e ler uma história para eles.
O afeto não custa dinheiro e é o bem mais precioso que podemos ofertar às nossas crianças.
Uma pessoa que não recebeu afeto na infância experimentará uma sensação de vazio interior que nada poderá suprir.
Não adianta tentar preencher essa lacuna com compras, vícios e ostentações. Se pararmos para pensar sobre as experiências mais gostosas que tivemos, iremos perceber que elas não estavam vinculadas ao ter coisas.
Aquilo que deixou saudades está vinculado ao afeto, à convivência com alguém, à alegria das brincadeiras na infância etc.
O contexto em que nos encontramos mostra-se desanimador no que diz respeito à qualidade dos vínculos infantis, considerando que a nossa sociedade consumista e capitalista nos convoca a estar sempre correndo atrás do dinheiro.
Em decorrência disso, muitas áreas profissionais serão cada vez mais promissoras e requisitadas, dentre elas a psicologia e a psiquiatria, pois a tendência é que os consultórios estejam cada vez mais lotados de pessoas bem sucedidas financeiramente e com as emoções decretando falência.
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